Por que Rio do Engenho?

  • Para que se entenda a razão do nome Edições Rio do Engenho convém ressaltar que se trata de um tributo à Cidade de Ilhéus, Bahia, onde reside atualmente um dos seus criadores, que assina este texto explicativo. Assim, buscou-se algo que representasse a cultura local, optando-se pelo topônimo de um dos locais mais antigos e representativos do lugar.

  • As terras da antiga Capitania de São Jorge dos Ilheos, doada a Jorge de Figueiredo Correa, em 1534, já eram movimentadas pelo comércio entre os navegadores franceses e os índios das tribos Tupiniquins e Aimorés, que viviam na zona praieira do sul da Bahia. Penso que os vendedores eram apenas, ou basicamente, os Tupinambás, que viviam da cultura da terra, posto que há cerca de 500 anos antes do descobrimento os Tupis, vindos da Amazônia, teriam se assenhorado da região, expulsando os nômades Aimorés, que viviam mudando de pouso em busca de caça e pesca.

  • Os defensores da hipótese do estabelecimento de negócios entre nativos e franceses afirmam que a intensidade do escambo teria sido o motivo que levou a inerte coroa portuguesa, com relação às coisas do Novo Mundo, a estabelecer as mal sucedidas capitanias hereditárias, dentre as quais só as de São Vicente, no Sul, e a de Pernambuco, no Nordeste, deram os esperados resultados.

  • El Rey Dom João III doou uma extensa faixa litorânea, com mil léguas de largura, a um nobre de constante vivência palaciana, Jorge de Figueiredo Correia, escrivão da corte real. A Capitania de São Jorge dos Ilheos, de triste destino, recebeu um tratamento dos mais desdenhosos. O seu donatário preferiu não vir morar no seu imenso feudo, preferindo mandar um capataz, como aconteceu séculos depois, repetindo a história, na decadência do ciclo do cacau com os novos donatários das Terras do Sem Fim.

  • O brabo feitor Francisco Romero, espanhol de proverbial rudeza e representante do aparentemente não tão feliz ganhador das águas, terras, matas, bichos e gentes do lugar, aqui aportou no ano seguinte, 1535, tendo fundeado suas embarcações na região da Ilha de Tinharé, atual município de Cairu, onde fica o conhecido Morro de São Paulo.

  • Visitando depois a Baía do Pontal, estuário do Rio Cachoeira e de outras nascentes, aqui onde hoje vivemos, ele fundou a Vila de São Jorge dos Ilheos, denominação que é uma evidente forma de puxar o aristocrático saco do donatário ausente.

  • É nessa mesma época que começa a história do nome atribuído às nossas edições, Rio do Engenho. Em 1537, Francisco Romero estabelece o processo de povoamento e cultivo da cana de açúcar, através do sistema de sesmarias, doando a Mem de Sá as terras das cercanias do Rio Santana, onde foi criado um dos primeiros engenhos da colônia, origem da atual denominação. Aí está a terceira mais antiga capela da zona rural do país, erguida em louvor à Senhora Santana.

  • Coincidentemente, com o fracasso total das capitanias e o estabelecimento de um governo central para a colônia, o sesmeiro Mem de Sá viria ser o terceiro Governador Geral do Brasil.
Cid Seixas



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